AES Tietê quer blockchain para oferta de energia

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27 de março de 2020

A AES Tietê vai investir R$ 3,4 milhões, por meio do programa de P&D da ANEEL, para o desenvolvimento de um balcão organizado em blockchain para comercialização de energia. O projeto é liderado pela Fohat, companhia curitibana de digitalização do setor de energia.

O “Projeto AES Tietê de Energy Intelligence” quer desenvolver um ambiente digital que permite a compra e venda de energia com a existência de uma contraparte central, que garante a custódia e a liquidação de contratos bilaterais de energia para compradores e vendedores.

Hoje, a compra e venda no chamado Ambiente de Contratação Livre (ACL) acontece no modelo não organizado (sem a presença da contraparte central).

O projeto, iniciado em outubro, tem o objetivo de que, no futuro, todos tenham acesso ao Mercado Livre de Energia no Brasil. O cliente consumidor poderá comprar energia elétrica diretamente dos geradores ou comercializadoras no ACL.

Hoje, a contratação no ACL corresponde a cerca de 30% do mercado brasileiro em volume de energia.

Esse mercado está em crescimento, com previsão de se tornar totalmente livre em 2028, conforme meta da Aneel.

“Além de segurança financeira, nossa plataforma garantirá também a confiabilidade de dados e altos volumes de energia transacionados, graças à integração entre as ferramentas de inteligência financeira e registro de contratos criptografados por meio da aplicação de blockchain”, explica Igor Ferreira, CEO da Fohat.

Complementarmente ao balcão organizado, a Fohat ainda vai integrar outras soluções desenvolvidas pela AES Tietê, como Usinas Virtuais de Energia (VPPs), a rede blockchain. Em um trabalho conjunto com a Energy Web Foundation (EWF), a empresa também entregará a possibilidade de emitir certificados de energia renovável (os chamados I-RECs) por meio da plataforma.

O Brasil é o 2º maior emissor de I-RECs do mundo, com 500 mil certificados emitidos (equivalente a meio milhão de megawatt hora) no primeiro semestre deste ano, ficando atrás apenas da China, de acordo com o REC Market Meeting.

Com as duas soluções, a AES Tietê espera sua presença comercial no mercado nacional.

“Esta parceria é mais um importante passo que corrobora com nossa estratégia de digitalização e inovação. Trabalhamos por diferentes frentes para antecipar as principais tendências do mercado de energia para nosso cliente. Cada vez mais vemos soluções disruptivas tomando o segmento, por isso buscamos estar sempre à frente com projetos pioneiros que possam, no futuro, agregar valor ao nosso negócio”, afirma Rogério Jorge, diretor de relacionamento com o cliente e inovação da AES Tietê.

A AES Tietê possui 9 usinas hidráulicas e 3 pequenas centrais hidrelétricas, localizadas no Estado de São Paulo, o Complexo Eólico Alto Sertão II, na Bahia. Recentemente, concluiu a aquisição do Complexo Solar Guaimbê, em São Paulo. A empresa também possui em seu portfólio de ativos o Complexo Solar Ouroeste, em construção.
Fonte: Baguete