Cresce participação da fonte solar no mercado livre de energia

Mercado livre de energia comenta questões de mercado que não deveriam atrasar a tramitação do novo marco elétrico no Brasil
27 de março de 2020

Analistas acreditam que a fonte fotovoltaica será responsável pelo grande salto do Ambiente de Contratação Livre (ACL) no País

A fonte solar no mercado livre de energia está em pleno vapor. Enquanto a demanda por geradores fotovoltaicos aumentou 81% de forma geral, no Ambiente de Contratação Livre (ACL) houve aumento de 239% nas vendas de produtos relacionados à energia renovável, segundo dados de mercado.

Segundo especialistas de mercado, a fonte fotovoltaica oferece preços cada vez mais competitivos e já inferiores em comparação com as demais fontes renováveis, como CGHs, PCHs e biomassa, resultado da redução de preços de equipamentos e da acirrada competição entre empreendedores.

Desta forma, os analistas de mercado acreditam que energia solar fotovoltaica tem todas as características necessárias para se tornar a mola propulsora do próximo grande salto do dinâmico mercado livre de energia no curto, médio e longo prazos.

Hoje, o mercado livre é responsável por 34% de toda a expansão do parque gerador em construção, com investimentos da ordem de R$ 34 bilhões, principalmente em energia renovável. Atualmente, 42% da geração de energia renovável é destinada ao mercado livre. Os dados são da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel).

Segundo a entidade, o mercado livre de energia fechou 2019 com um movimento de R$ 134 bilhões, um crescimento de 6% sobre o ano anterior. No ano passado, o ACL propiciou uma economia de 34% no preço da energia elétrica para os consumidores livres. Porém, essa economia poderia beneficiar 80 milhões de consumidores brasileiros se não fossem as restrições de acesso impostas pela legislação.

Para o presidente da Abraceel, Reginaldo Medeiros, os resultados de geração de energia, comercialização e economia poderiam ser muito maiores com a abertura total do mercado de energia no país. “O Brasil está entre os últimos países do mundo a abrir totalmente o mercado de energia”, comentou.

O presidente reforça que o mercado livre de energia poderia entregar uma economia de 12 bilhões por ano na conta de luz de 80 milhões de consumidores brasileiros. “Mesmo que a abertura atingisse hoje somente a parcela do setor produtivo que ainda está fora desse mercado, já teríamos uma redução de R$ 7 bilhões nessas contas corporativas e poderíamos gerar no Brasil algo em torno de 420 mil postos de trabalho”, diz ele. Nos últimos 10 anos foram economizados mais de R$ 200 bilhões nas contas de energia dos consumidores que já são livres no Brasil.

O mercado livre de energia no Brasil tem hoje 324 comercializadores registrados na CCEE-Câmara de Comercialização de Energia Elétrica e fecha 2019 com 6.870 consumidores. As empresas associadas da Abraceel detêm 83% desse mercado.

Publicada em janeiro deste ano, a portaria do Ministério de Minas e Energia nº 465/2019 dá continuidade ao cronograma estabelecido em outra de nº 514/2018, que reduziu para 2.000 kW os limites de carga para contratação de energia e ainda deixou à escolha do consumidor realizar a compra de qualquer fornecedor do Sistema Interligado Nacional, que estava restrita a fontes incentivadas.

A redução é gradativa e até o dia 31 de janeiro de 2022. Enquanto isso, a Aneel -Agência Nacional de Energia Elétrica e a CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica deverão apresentar estudo para viabilizar a abertura do mercado livre para os consumidores residenciais, ou seja, com carga inferior a 500 kW. Essa possibilidade deve estar disponível a partir de 1 de janeiro de 2024, ocasião que põe fim a qualquer limite de contratação de carga.

A Portaria é um norte para a questão e ter uma data definida para a abertura total é um compromisso que deve ser cobrado por todos. Embora acredite na possibilidade de diminuir esse prazo, Walfrido Avila, presidente da Tradener, destaca que o fato de antecipar essa data para o consumidor residencial é possível e o Brasil estaria, finalmente, alinhado aos padrões internacionais.

Fonte: Portal Solar